A onipotência de Jesus!
Curiosamente os próprio versículos que são apresentados para “atestar” a onipotência de Jesus, nosso Senhor, são justamente aqueles que mostram sua dependência de uma fonte de poder que não é ele mesmo.
Como exemplo temos a afirmação de que Jesus é inerentemente Onipotente baseados, em geral, em Mt. 28.18 “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra.” ou então Mt. 11.27 “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, ….”. Mas, a primeira observação que devemos fazer aqui é acerca da expressão traduzida por “poder”, pois ao lermos “todo o poder” logo deduzimos que Jesus é todo-poderoso e, por consequência teria, então, um status, no mínimo igual ao do Pai, a quem a Bíblia chama de “Todo-Podereso”, mas “todo o poder” nesse trecho é, em grego, “πᾶσα ἐξουσία”, diferente daquela usada para dizer que Deu, o Pai, é Todo-Poderoso (παντοκράτωρ1), como, por exemplo, em II Co. 6.18, “E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso”. Na verdade “ἐξουσία” tem conotação de autoridade, não exatamente poder e seria melhor traduzido por “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra”. A tradução dessa palavra por “autoridade” é encontrada em Lc. 10.19 “Eis que vos dei autoridade (ἐξουσίαν) para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder (δύναμιν) do inimigo; e nada vos fará dano algum”. De qualquer forma perceba que em ambos os casos vemos uma fonte de “poder” (a palavra original é autoridade) da qual emana a capacidade do Filho e que não é o próprio Filho. Em um verso se diz “É-me dado todo o poder” e no outro é dito “Todas as coisas me foram entregues”. Ele é o receptáculo e não a origem do poder ou autoridade. Se ele hoje tem todo poder, esse lhe foi dado em determinado momento pelo Pai.
Assim, vemos que Filho não é inerentemente onipotente, na verdade, o verso fala de autoridade que foi traduzido por “poder” em nossas Bíblias. Todo o poder que Ele tem lhe foi dado pelo Pai. Em sua condição terrena lemos em Jo. 10.18 “Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade (ἐξουσίαν) para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.”(ARA) Após a ressurreição lemos em Mt. 28.18 “E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.” E, no mundo vindouro ele se sujeitará a Deus mostrando que não é um co-igual, ou seja, não é o mesmo que Deus é, como sugere o credo atanasiano, I Co. 15: 27 “Pois se lê: Todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz: Todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. 28 E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.” Perceba aqui a questão que Paulo faz em distinguir e destacar que UM não lhe está sujeito, justamente aquele que todas as coisas lhe sujeitou. Como podem ser co-iguais se há UM que lhe sujeita as coisas? E se são o mesmo Deus como alegam os trinitários, por que Paulo insiste em dizer que quem lhe sujeitou as coisas não lhe está sujeito? Se na mente de Paulo os dois fossem co-iguais essa declaração não teria sentido. Em várias outras ocorrências vemos Jesus mostrar sua limitação e total dependência de Deus, seu Pai: João 5.19, 30, 36; 8.28; 14.10,11, 31. A Bíblia mostra que os milagres de Jesus decorrem da atuação de Deus na vida dele “Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis” (At. 2.22)
________________
1Exsitem sete ocorrências da palavra παντοκράτωρ (pantokratôr) no N.T além da citada encontramos outras seis em Apocalipse: 1.8, 4.8, 11.17, 15.13, 16.7, 19.6, 21.22