Hermas, irmão do Bispo Pio e provavelmente citado por Paulo em Rm. 16.14 escreveu sua obra “O Pastor”, e esta tornou-se conhecida através de sua circulação por volta de 150 d.C.1 Algumas comunidades e personalidades cristãs antigas o consideravam escrito canônico ou em grande apreço, dentre eles podem ser citados Irineu, Clemente de Alexandria, Orígenes e até Atanásio. Acerca da visão de Hermas sobre Jesus Cristo, Padovese registra que “Em suma, concebe-o como um personagem de dignidade e natureza transcendentes às humanas, sem ser, porém divinas, colaborador de Deus na criação e no governo do mundo, mas num plano de nítida inferioridade.2 Aqui a palavra “sem ser, porém divinas”, na verdade, expressa a informação da inexistência de atribuição de deidade a Cristo naquela época, e não a recusa de sua divindade enquanto origem, pois o mesmo Hermas, em certos momentos, identifica Jesus como sendo o Espírito Santo, portanto, divino, mas não o próprio Deus. A exemplo de Clemente Romano, Hermas nunca afirma que Jesus seja Deus ou um Deus Filho. Mais uma vez perceba que a informação demonstra o conceito cristológico de pessoas que viveram bem próximas à época dos apóstolos e é provinda, também, do II século.

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1 Padres Apostólicos, Paulus Editora – 1995, pág. 164

2 Padovese, Luigi in Introdução a Teologia Patrística, Edições Loyola – 1992, pág. 63