SERÁ QUE DETERMINAM A TRINDADE?
Uma mesma palavra repetida três vezes em um texto bíblico não deveria ser reivindicada de implicitude de uma suposta trindade, mesmo que esta palavra seja a palavra “santo”, e, de fato, se considerarmos a forma de se expressar dos escritores sagrados não veremos motivos para isso.
As ocorrência de Is. 6:3 – “Santo, Santo, Santo” e Ap. 4:8 – “Santo, Santo, Santo“, são citadas, pelos trinitários como a intenção nos fazer crer que cada ocorrência da palavra santo indica uma pessoa da trindade: santo=Pai, santo=Filho, santo=Espírito Santo.
O que parece passar desapercebido é que a repetição do termo é uma forma de superlativo absoluto hebraico, que objetiva ênfase e não pluralidade.
Hollenberg & Budde em sua Gramática Elementar da Língua Hebraica, ensinam que a forma repetida de um adjetivo em Hebraico além de lhe comunicar ênfase, também serve como superlativo absoluto, passando “Santo, Santo, Santo” à ser entendido como “Santíssimo”.
Se você é um leitor atento das Escrituras já viu outras ocorrências de repetições em número de três antes, como por exemplo Jr. 22.29: “Terra, Terra, Terra”. Terra=Pai, terra=Filho, terra=Espírito Santo, claro que não! Trindade de terras? A expressão de Jeremias é a ênfase na advertência para se ouvir a palavra de Yahweh. Se houver necessidade de mais evidência sobre isso leiamos, também, Ez. 21.27: “Ao revés, ao revés, ao revés…”
Além desse caso, muitos reivindicam passagens que apresentam o Pai, o Filho e o Espírito Santo como, por exemplo, o polêmico1 texto de Mt. 28.29 “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” para mostrar que a Bíblia ensina sobre a trindade. Outras ocorrências são Mt. 3.16 e 17, ou a citação dos três no momento do batismo de Jesus; em II Co. 13.13, tem-se a benção apostólica. Mas, isto precisa ser melhor pesado, primeiro por que não está dito nesses versos que os três sejam um ou que componham, de alguma forma, a deidade; segundo porque arranjos triáticos, são encontrados com outros elementos celestiais sem que contudo sejam uma coletividade na deidade, vemos isto em I Tm. 5.21 “Conjuro-te diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade.”, também em Mt. 16.27, Mt. 24.36 e Mc. 8.38 onde se cita Filho, Pai e anjos. É perceptível que nem nesses versos, nem naqueles há qualquer reivindicação de igualdade entre as tríades citadas.
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1 Chamamos de polêmico porque existem informações, principalmente em Eusébio de Cesareia, que a redação original desse verso seja apenas: “Ide, e fazei discípulos de todas as nações em meu nome”