Como existe uma ausência perceptível nas Escrituras de algum ensino formal sobre a trindade os defensores desse dogma buscam tentar materializar alguma prova a partir de certas passagens bíblicas. Uma delas é Gn. 19.24 que diz: “Então  Yahweh fez chover enxofre e fogo, de Yahweh desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra”. Fazendo uso da leitura que Yahweh fez chover fogo da parte de Yahweh alguns alegam que Yahweh é pelo menos dois, e, no conceito trinitário, um estaria sobre a terra (o Filho pré-encarnado) e o outro no céu (o Pai em sua majestade), mas além disso não ser afirmado em lugar algum desse relato nas Escrituras, feriria frontalmente Dt. 6.4 que afirma que “Yahweh é um”. Mas, se Yahweh é um, como explicar o relato de Gênesis a partir da reinvindicação trinitária?

Como já foi falado antes, diante da ausência de qualquer elemento de ensinamento sobre uma trindade na Bíblia ou mesmo uma pluralidade em Deus, o caminho trinitário tem sido ler alguns versos sob uma ótica não bíblica. Uma ótica que já tem como pressuposto uma pluralidade, no entanto, a Bíblia tem elementos simples que mostram o engando dessa linha de pensamento.

Note Gn. 4.23 “E disse Lameque a suas mulheres Ada e Zilá: Ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai as minhas palavras”. Embora o relato registre que Lameque tenha dito para suas mulheres ouvirem a voz de Lameque, ao invés de “minha voz” referindo-se a ele, ninguém é movido a entender que haja dois Lameques. Uma leitura de Yahweh como sendo dois ou de dois Yahweh em Gn. 19.24 tem motivação externa, não a partir do texto em si.

Observe também 1Rs 12:21 “Vindo, pois, Roboão a Jerusalém, reuniu toda a casa de Judá e a tribo de Benjamim, cento e oitenta mil escolhidos, destros para a guerra, para pelejar contra a casa de Israel, para restituir o reino a Roboão, filho de Salomão.” Aqui, mais uma vez, embora se fale de Roboão como aquele que reuniu tropas para restituir o reino a Roboão, ninguém reivindica que haja dois Roboão(s) ou que um mesmo Roboão seja dois. Vide também Gn. 17.23.

Outro exemplo pode ser encontrado em I Rs. 8.1 “Então congregou Salomão os anciãos de Israel, e todos os cabeças das tribos, os chefes dos pais dos filhos de Israel, ao rei Salomão em Jerusalém; para fazerem subir a arca da aliança do Yahweh desde a cidade de Davi, que é Sião.” (LTT 2009). Na ACF consta “diante de si” mas deveria cosntar “ao rei Salomão”, fazendo constar duas vezes o nome do rei como está no original hebraico: 1Rs 8:1 “אָז יַקְהֵל שְׁלֹמֹה אֶת־זִקְנֵי יִשְׂרָאֵל אֶת־כָּל־רָאשֵׁי הַמַּטֹּות נְשִׂיאֵי הָאָבֹות לִבְנֵי יִשְׂרָאֵל אֶל־הַמֶּלֶךְ שְׁלֹמֹה יְרוּשָׁלִָם לְֽהַעֲלֹות אֶת־אֲרֹון בְּרִית־יְהוָה מֵעִיר דָּוִד הִיא צִיֹּֽון׃”

Digno de nota é que no relado de Gênesis 19 há o envolvimento do representante de Yahweh. De qualquer jeito a forma literária, como vimos, não aponta para dois Yahwehs ou que o mesmo Yahweh seja dois, mas se usa uma forma comum nos escritos bíblicos onde ao invés da aparição de um pronome após o uso de um nome, há uma recorrência do nome sem que isso signifique que o mesmo nome se refira a mais de um.